terça-feira, 29 de outubro de 2013

Pastor de Shetland

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Não é à toa que o Pastor de Shetland chama atenção. Ele reúne a beleza do Collie a um porte pequenino, perfeito para compartilhar o interior das moradias humanas. Ainda pouco criado no Brasil, não é muito conhecido. “Sempre que passeio com meus Shelties adultos, há quem pergunte se são filhotes ou miniaturas de Collie”, concorda Cristiane Nanô (veja qualificação dos entrevistados no quadro Consultores). “Explico sobre a raça e as pessoas se encantam com a possibilidade de ter em seus apartamentos um cão semelhante à adorada Lassie do cinema.”
Mas a beleza não é a única  receita do sucesso do Pastor de Shetland. Ele ocupa o sexto lugar em inteligência no ranking de Stanley Coren, publicado em seu livro A Inteligência dos Cães. Isso significa que o astuto Sheltie deve agradar até mesmo àquele dono que nunca teve experiência com adestramento de cães. Observador nato, ele aprende sem esforço a rotina e as normas da casa. “Sempre atento e disposto a agradar ao dono, ele requer simplesmente um firme ‘não’ para deixar de repetir alguma travessura”, comenta Cristiane.
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Esperteza e também muita agilidade fazem do Sheltie um dos cães de destaque em esportes como o agility. “Já vendi exemplares para pessoas interessadas principalmente nas habilidades desportivas da raça”, explica Hilda. Tantas qualidades se justificam. O Sheltie é um cão desenvolvido para ser ajudante geral em fazendas, fazer companhia e dar alarme contra animais e pessoas intrusas. A raça, originária das Ilhas de Shetland, na Grã-Bretanha, descende de cães nativos ancestrais do Collie e do Border Collie. “Mais tarde o tipo foi refinado por acasalamentos selecionados com o Collie e, supõe-se, também com raças de pequeno porte, como Spitz Alemão, Papillon e, talvez, English Toy Spaniel”, diz o historiador britânico Malcolm Hart, especializado em Shelties. O pastoreio tradicional tinha pequena participação nas Ilhas de Shetland — a alimentação local era baseada em peixe. “A tarefa mais comum dos Shelties era conduzir em fila o principal meio de carga da ilha: os pôneis de Shetland, que não eram tão pequenos como são hoje”, informa Malcolm Hart, cuja tese ele expôs no Congresso Mundial do Pastor de Shetland, em 2000. “Outras tarefas eram manter ovelhas afastadas das hortaliças e recolher rebanhos deixados pastando por longos períodos nas terras elevadas e pantanosas da ilha.” A maior criação de Pastor de Shetland ocorre nos Estados Unidos. Em 2004, nada menos do que 15.606 filhotes foram registrados no American Kennel Club, a 18ª posição entre 150 raças. “O comprador norte-americano procura esse cão por sua versatilidade e praticidade do tamanho”, informa Patricia Ferrel, criadora e historiadora do American Shetland Sheepdog Association (Assa, www.assa.org). Fundado há 76 anos, o clube tem cerca de 1.500 associados. São promovidas em todo o país atividades como obediência, agility, pastoreio, pet terapia, flyball, frisbee, freestyle e eventos de conformação (exposições de beleza). “Existem cerca de 75 clubes norte-americanos exclusivamente voltados para eventos com Shelties, ligados à Assa”, conta Patricia. Nas provas de tracking (rastreamento), o Pastor de Shetland está dando o que falar. “Ele é um exímio seguidor de pistas usando o olfato, como fazem os cães de caça”, explica Patricia. No Brasil, a raça foi introduzida na década de 70. Naquela época, o estilo de vida das pessoas permitia cães maiores, e o Pastor de Shetland foi recebido com pouco entusiasmo. “O brasileiro preferia comprar um Collie por ser maior e mais vistoso”, comenta Cristiane. Mas o panorama vem mudando. Os registros da raça cresceram 84% (veja gráficos) nos últimos cinco anos. Esse índice, bastante superior ao do crescimento da criação nacional de cães como um todo, resultou no aumento de mais do dobro, no período, da participação do Sheltie na nossa cinofilia. Nas épocas de maior calor, o Sheltie perde boa parte do subpelo. Como esse cão não tem odor forte, são desnecessários banhos freqüentes. Mas uma escovação semanal com escova de pinos é essencial. Promove o brilho da pelagem, tira nós e emaranhados que atrapalham a ventilação adequada aos pêlos, além de manter a limpeza. Na hora do banho, um conselho: “Seque cuidadosamente o Sheltie para evitar umidade no subpelo”, orienta Hilda. “O ideal é secar com soprador — que não produz ar quente, evitando ressecar a pelagem — ou deixar secar ao sol.”

Grude com obediência e dinamismo

O estilo de companhia do Pastor de Shetland torna-o muito ligado ao dono. Ele obteve nota 10 em “Manter-se por perto do dono” (veja tabela). “O Sheltie elege um único proprietário e o segue pela casa”, concorda Hilda. “Se não tomamos cuidado, tropeçamos nele”, brinca. Pela forte ligação que o Sheltie estabelece com o dono, pode reclamar se sentir falta dele. “Quando deixo os meus Shelties sozinhos por muito tempo, eles erram de propósito o lugar das necessidades”, exemplifica Cristiane. O ideal é o dono interagir meia hora por dia, pelo menos, com o seu Pastor de Shetland. Mais notas 10 foram dadas à raça em obediência, adestrabilidade e inteligência. “É muito fácil adestrar o Sheltie; ele quer agradar ao dono o tempo todo”, ressalta Cristiane. “Desde filhote é muito observador e aprende intuitivamen-te”, acrescenta Hilda.
O Sheltie tem muita energia e é guloso. “Ele precisa de dieta equilibrada e de exercícios para não engordar nem extravasar energia roendo”, frisa Hilda. “Se vive em apartamento, duas caminhadas diárias de quinze minutos cada uma são suficientes para mantê-lo alegre e saudável”, calcula Cristiane. Com o dono, é um cão conversador. Empolgase tanto para dar alerta que ganhou 10 também nesse item. “Desde cedo, é preciso interromper os latidos excessivos com um ‘não’ bem firme”, recomenda Hilda.
Os consultores chamam a atenção para a propensão da raça à timidez. “Desde filhote, é preciso socializar intensamente o Sheltie, fazendo-o ter contato com pessoas e animais, para evitar que se torne tímido demais”, ressalta Cristiane.

Ficha da raça

Outros nomes: Shetland Sheepdog, Sheltie  (apelido carinhoso).  Classificação CBKC/FCI: Grupo 1, Pastores e  Boiadeiros (exceto Suíços); seção Cães  Pastores.  Usos: companhia, atividades esportivas, pastoreio  e pet terapia.  Porte: 34,5 a 39,5 centímetros na cernelha  (machos) e 33 a 38 centímetros (fêmeas).  Pelagem: dupla. O pêlo de cobertura é mais  longo, mais áspero e reto. O subpelo é macio,  curto e denso. Tem juba em torno do pescoço,  emoldurando a cabeça, maior nos machos.  Ambiente ideal: adapta-se bem a ambientes  externos e internos, desde que tenha companhia  do dono.  Exercício: no mínimo, ficar solto em área externa  ou fazer uma caminhada de pelo menos meia  hora por dia (ou duas de 15 minutos).
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