O caçador por excelência
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História
A  caça constituiu, desde as épocas mais remotas, uma actividade  imprescindível à sobrevivência e o cão surge aqui como um colaborador  útil na perseguição e abate da presa, no que se pode afirmar como uma  verdadeira convergência de esforços. Com a evolução das armas de fogo e a  crescente escassez da caça surgiu uma necessidade por animais mais  velozes e com melhor faro. O Perdigueiro veio preencher esta lacuna.  Referenciado em Portugal desde o século XIV, nem sempre foi apreciado.  Enquanto os nobres os possuíam apenas para a alternaria (caça com  recurso a aves de rapina ou presa), foram os servos que optimizaram o  seu potencial quando o meio da noite se esgueiravam nos domínios  senhoriais e com a ajuda do perdigueiro surpreendiam as presas.  Tornou-se assim num cão da plebe e, portanto, inevitavelmente ligado a  um status pouco dignificante, enquanto cúmplice do caçador furtivo; uma  raça criminosa. O próprio rei D. Sebastião proibia a sua posse e  condenava ao exílio quem os possuísse. Esta condição veio alterar-se com  a evolução social e no século XIX a caça perde o seu carácter de  subsistência a favor do carácter desportivo. A burguesia enriquecida e  proprietária das terras da igreja e dos senhores feudais, começa a  apreciar os prazeres da caça e é então que descobre o Perdigueiro.  Contudo, esta popularidade custou-lhe cruzamentos indiscriminados com  outras raças contribuindo para a heterogeneidade morfológica instalada  que só no início do século XX foi extraída da amálgama genética em que a  raça se encontrava. É então em 1939 que surge o estalão que viria a ser  adoptado como o oficial da raça pelo Clube Português de Canicultura.  Esta identificação é resultado da observação sistemática e científica de  inúmeros exemplares considerados típicos, como eram os do Norte de  Portugal, que de resto representavam admiravelmente as características  inerentes à maioria dos exemplares analisados, permitindo assim o  estabelecimento de traços orientadores para os criadores puserem apurar  melhor a raça. Foi até 1974 a raça preferida do portugueses mas como o  novo regime é destronada a favor do Serra da Estrela. Tal alteração de  preferências é fácil de perceber se tivermos em conta o crescente clima  de insegurança sentido naquela altura. As diferenças entre o Perdigueiro  e o Serra da Estrela fazem deste último um melhor cão de guarda.  Actualmente ocupa o segundo lugar das preferências enquanto o Serra da  Estrela continua a ser o cão mais popular.
Temperamento
Altruísta,  tem como objectivo servir o caçador, e é grande amigo das crianças.  Companheiro dócil, curioso, calmo, desejoso de aprender e agradar,  adapta-se facilmente à vida doméstica em espaços mais reduzidos. É  extremamente meigo e afectivo e capaz de grande capacidade de sofrimento  e entrega. Muito sociável é contudo algo petulante para com os outros  cães.
Descrição
o  Perdigueiro Português é um cão robusto com grande elasticidade de  movimentos. A cabeça é proporcionada de tamanho, um pouco grossa e não  muito ossudo em empastada. É revestida por uma pele flácida e fina que  não deve enrugar. É a cabeça que confere o tipicismo à raça uma vez que  constitui o elemento distintivo comparativamente às restantes raças  continentais de cães de parar (cães que têm como única função a  indicação da peça para que o caçador a capture). O nariz é amplo, húmido  e de larga abertura. A sua cor é preta nos exemplares de coloração  amarela, e castanha nos exemplares de coloração castanha. Os lábios  superiores são pendentes e pouco carnudos unindo-se aos inferiores por  aberturas flácidas e pregueadas com cantos descaídos. Os dentes são  incisivos em tesoura. Os olhos são grandes e expressivos denotando  vivacidade, de cor castanha e cuja tonalidade é sempre mais escura que a  pelagem, ovais, horizontais, à flor da cabeça, enchendo a órbita.  Pálpebras finas e bem abertas de pigmentação preta. As orelhas são de  inserção alta, pendentes, quase planas, triangulares, muito mais largas  na base do que na ponta, delgadas, macias e revestidas de pêlo fino,  denso e raso. O pescoço é direito, não muito grosso e poderá ser  guarnecido de uma curta barbela. O tronco é na linha superior,  rectilíneo, subindo levemente da garupa ao garrote, o dorso é curto,  largo e ligeiramente oblíquo. O peito é largo e alto. Na linha inferior o  tronco é oblíquo, desde o esterno à virilha. A cauda é amputada de  forma a cobrir somente os genitais mas sem os ultrapassar, é direita, de  média inserção, grossa na base, adelgaçando ligeiramente na ponta. Os  membros anteriores seguem a direcção das linhas normais de aprumo em  perfeito paralelismo com o plano médio do corpo. Os membros posteriores  são igualmente aprumados, se vistos detrás. Esta combinação nos membros  anteriores e posteriores denota uma grande estabilidade de apoio e  natural facilidade em deslocar-se. 
Tipo de Pêlo
Curto,  forte, bem assente, pouco macio e denso. A sua distribuição é feita  quase por igual em todo o corpo excepto nas axilas, virilhas, terços e  bragadas, onde se evidencia mais disperso e mais macio. A cabeça e as  orelhas são cobertas por um pêlo ligeiramente mais fino e raso, dando a  sensação de serem aveludadas. A cor pode ser amarela nas suas variedades  clara, comum e escura unicolor ou malhada de branco na cabeça, pescoço,  peito e calçado. Este pêlo não necessita de nenhum tratamento especial.
Observações
É  de notar que pelas suas características, o Perdigueiro Português é um  animal que dá relativamente pouco trabalho para o manter cuidado.  Difundido um pouco por toda a Europa, os excelentes resultados que  obteve em competições internacionais de caça conferiram-lhe a fama de  caçador exímio, sempre preocupado em servir o caçador. O tipo de  Perdigueiro tem sofrido algumas evoluções essencialmente devido às  solicitações dos caçadores. É de salientar que condicionantes como a  natureza do solo, o clima e as espécies venatórias exigem diferentes  qualidades nos cães e fazem com que os criadores tenham que adquirir  produtos funcionalmente adaptados a eles. Quase sem se perceber, e  devido a factores como a escassez de caça de pena e a dificuldade de  aproximação, por muito batida, assim como a necessidade de as caçar em  terrenos manifestamente mais áridos, o Perdigueiro foi-se aligeirando,  perdendo massa e melhorando o "Nariz" de modo a conseguir alargar a  extensão da busca e completá-la com êxito, resistindo tenazmente ao  aumento do trabalho e às dificuldades apresentadas por certos percursos.  Actualmente é um excelente cão de companhia.
http://www.arcadenoe.pt/raca/perdigueiro_portugu_s/135
 
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