Quantas vezes ao dia devo alimentar meu cachorro? Essa é uma pergunta um pouco mais complexa do que parece. Dois fatores principais influenciam isso: a idade (filhotes, adultos e idosos) e animais com necessidades especiais (trabalho/competição, cadela gestante, cadela amamentando).
Vamos começar com a alimentação dos filhotes. Aqueles que acabaram de desmamar e estão começando a comer alimentos sólidos, no caso as rações. Existem vários tipos de rações no mercado hoje em dia e sempre que puder, ofereça as rações super Premium, principalmente nesta fase de desenvolvimento. Tem dúvidas sobre as rações? Veja o artigo das rações aqui.
A partir de agora, é você o responsável pela alimentação do filhote. Não existem rações para filhotes à toa. Elas são balanceadas para atingir as necessidades diárias de um animal em pleno desenvolvimento. Portanto, não dê rações de adulto para seu filhote, pois além do grão ser maior e mais duro, estará com falta de nutrientes nos níveis adequados ao seu desenvolvimento.
Os filhotes têm o estômago muito pequeno, logo eles não conseguem comer muito de uma só vez (por mais esfomeados que eles sejam) e nem devem. O ideal é que eles se alimentem algumas vezes por dia em pequenas quantidades.
Mas quantas vezes por dia devo alimentar o meu filhote?
O ideal mesmo é que fosse 5 vezes por dia, pelo menos até os 6 meses de vida. Mas sabemos que para a maioria das pessoas, isso é praticamente impossível, pois não estão em casa o tempo todo. Sendo assim, como regra geral, pelo menos 3 vezes por dia até os 6 meses.
As embalagens das boas rações costumam apresentar uma tabela na qual diz a quantidade em gramas que o filhote deve comer por dia em relação ao seu peso adulto. Veja esse exemplo de uma ração Super Premium para filhotes:
Idade\ Peso adulto | 1,5 kg | 2 kg | 3 kg | 4kg | 5 kg ... |
2 meses | 30 g | 35 g | 50 g | 60 g | 70 g |
3 meses | 40 g | 50 g | 70 g | 85 g | 100 g |
4 meses | 40 g | 50 g | 70 g | 90 g | 105 g |
6 meses | 50 g | 65 g | 85 g | 105 g | 130 g |
10 meses | 45 g | 62 g | 85 g | 95 g | 110 g |
12 meses | 50 g | 65 g | 85 g | 100 g | 120 g |
16meses | 50 g | 65 g | 90 g | 105 g | 120 g |
Vou dar um exemplo: Filhote de Yorkshire no qual os pais pesam por volta de 4 kg. Ele com 2 meses precisará comer 60 gramas por dia. Neste caso, deve-se dividir esse total por 3 refeições, logo cada refeição deverá conter apenas 20 gramas. Uma é oferecida pela manhã (8:00hrs) outra a tarde (14:00hrs) e outra a noite (20:00hrs).
O ideal é que você tenha uma balança daquelas de cozinha para te ajudar a fazer essas medidas.
Mas eu não posso deixar a ração direto no pote o dia todo?
Não! Eu vou te dar pelo menos 6 motivos para que você não faça isso.
1º- o cachorro que tem acesso à comida o dia todo tende a comer mais do que precisa e isso, no caso do filhote, pode gerar problemas de excesso de nutrientes, como obesidade e problemas principalmente em raças grandes / gigantes. Essas raças vão crescer mais rápido ainda, podendo desenvolver problemas de deformidades esqueléticas.
2º- a ração exposta o dia todo acumula umidade (podendo desenvolver fungos e bactérias), atrai formigas, baratas, moscas e até ratos!
3º- o fato de você controlar o horário que o seu cachorro se alimenta faz com que ele entenda que você é o líder da casa, fazendo com que ele te respeite mais.
4º- dando a ração sempre nos mesmos horários e na mesma quantidade, você perceberá se o seu cachorro está se alimentando normalmente ou não, podendo te ajudar a identificar alguma alteração de apetite mais rapidamente.
5º- muitos medicamentos devem ser dados junto com a alimentação ou o contrário, com o animal em jejum. Ele tendo horário certo para comer fica muito mais fácil de medicar.
6º- no caso do filhote, ajuda a controlar o momento que ele irá defecar (cerca de 15 a 20 minutos após comer). Veja aqui como ensinar o filhote afazer xixi e coco no lugar certo.
Inicialmente, você deve deixar a ração por cerca de 10 a 15 minutos e levar o filhote até o pote. Caso ele comece a comer e depois se interesse por outra coisa, leve-o novamente à frente do pote. Caso ele não queira comer mais após esse tempo, retire o pote e jogue o que restou fora. Se ele nem encostou na ração, você pode guardar em um recipiente fechado (não retorne ao saco principal) e oferecer no próximo horário de alimentação. Com o tempo ele vai perceber que se ele não comer naquele momento, só terá a ração novamente mais tarde.
Isso serve para cachorros de qualquer idade. Portanto, se você deixava a ração o tempo todo disponível, faça o que estou te falando. No início ele pode até não comer na hora que você colocar, mas como depois você só vai dar a ração mais tarde, ele estará com fome e irá comer.
Preste atenção! Se ele não comer na primeira refeição, você não deve dobrar a quantidade de ração da próxima refeição, vai dar a mesma quantidade que daria se ele tivesse comido.
Outra coisa, não adianta você tirar o pote de ração e dar alguma outra comida diferente da ração, pois ai ele não vai sentir fome depois. Os biscoitinhos e guloseimas não devem ser dados nessa fase de crescimento e de forma alguma, substituir uma refeição.
A mudança da ração de filhote para a ração de adulto deve respeitar a raça do cachorro. Raças de pequeno porte amadurecem mais rápido e chegam ao seu tamanho adulto antes de raças médias, grandes e gigantes. Como uma média, podemos separar em termos de maturidade e peso adulto da seguinte maneira:
Raças pequenas: 8 meses (6 a 9 meses)
Raças médias: 11 meses (10 a 12 meses)
Raças grandes: 12 meses (11 a 13 meses)
Raças gigantes: 15 meses (13 a 18 meses)
Quando for fazer a troca da ração de filhote para a de adulto, proceda da seguinte maneira: Divida a quantidade total de cada refeição em 4 porções. Nos dois primeiros dias de troca de ração, ofereça 3 partes da ração de filhote e 1 parte da ração de adulto, misturadas. Nos próximos dois dias, serão 2 partes de cada ração, misturadas. E nos últimos dois dias de troca, serão 3 partes da ração de adulto e apenas 1 parte da ração de filhote. Após esses 6 dias de troca de ração, você já vai poder oferecer a ração de adulto sozinha. Esse processo é importante para que o organismo do animal se adapte a nova composição da ração. Se fizer de um dia para o outro, provavelmente levará a um quadro de diarreia que pode durar de 1 a 4 dias ou mais!
A alimentação do cachorro adulto já pode passar para duas vezes por dia. Respeitando a quantidade de ração de acordo com a raça e o tipo de ração. Existem rações específicas para cachorros de trabalho/ competição, que necessitam de mais energia, da mesma forma que existem rações para raças específicas, que necessitam cuidados especiais. Cachorros de competição podem necessitar de mais de 2 refeições por dia.
Lembre-se, um cachorro gordinho, não significa um cachorro saudável, pelo contrário! O animal deve apresentar uma discreta cintura e com costelas discretamente aparentes. Um animal que você não consegue delimitar a cintura ou ver as costelas, já está com peso maior do que deveria! Pode ser necessário levá-lo em um médico veterinário para verificar a necessidade de modificar a ração e mesmo os hábitos alimentares de “coisas que caem do céu” como petiscos, restos de comida, biscoitos e por ai vai...
A alimentação do cachorro idoso. Algumas pessoas indicam que apenas uma refeição por dia já é o suficiente para um cão idoso. Eu não concordo com isso e recomendo que se mantenham as duas vezes por dia. Um animal que se alimente apenas uma vez por dia irá comer com maior velocidade (está com muita fome), mastigará menos, engolirá mais ar junto com a comida e desta forma, pode ter problemas de digestão e gases.
Apesar do cachorro idoso ser menos ativo, não significa que ele deve comer menos ou uma vez por dia. Hoje em dia já existem diversas marcas de ração que apresentam alimentos para animais idosos. São as chamadas rações sênior. Da mesma maneira que a de filhotes, ela também apresenta uma tabela que você deve seguir e dividir em duas refeições por dia. Cachorros idosos que continuam a comer ração de adultos tendem a engordar com maior facilidade. Nesta idade temos que tomar mais cuidado ainda com o sobrepeso e obesidade, pois interfere em vários sistemas do animal, desde o cardiorrespiratório até o articular.
A alimentação da cadela prenha (grávida). Primeiro de tudo, você sabe que a sua cadela está prenha? Se está na dúvida, veja este artigo aqui. A cadela prenha tende a engordar mais na metade final da gestação, quando os filhotes estão crescendo mais. Portanto, não é indicado sobrecarregar a alimentação da cadela desde o início, pois ela pode engordar e isso pode gerar problemas no parto. Como regra geral, a quantidade de comida oferecida a uma cadela prenha deve aumentar entre 10% e 15% por semana da quinta semana em diante. Próximo ao parto, ela deve estar comendo cerca de 50% a mais do que comia na época da cruza.
Como na gestação a cadela está com o útero aumentado, este acaba comprimindo o estômago. Desta forma, o ideal é que se ofereça de 3 a 4 refeições por dia, dividindo o total diário como já foi explicado.
No período de amamentação, a cadela precisará de uma quantidade de nutrientes e energia muito mais alta. Ela deve continuar a comer de 3 a 4 vezes por dia e uma ração de alta qualidade, afinal de contas ela tem que gerar leite para os filhotes e manter o seu corpo em boas condições. No pico da lactação (normalmente entre 3 e 4 semanas) ela estará dando a seus filhotes entre 4% e 7% de seu peso por dia na forma de leite.
Você pode substituir a ração de adulto que ela estava comendo durante a gravidez e passar a dar ração de filhote no período de amamentação (lembre-se de mudar a ração de forma gradativa como expliquei acima). Tão importante quanto a alimentação, é que a cadela tenha água sempre disponível, fresca e limpa!
Em todos os casos, deve-se limpar os comedouros sempre após o cachorro ter comido, pois durante a alimentação, ele saliva no pote e sempre sobram pequenas migalhas de ração. Isso com o tempo vai fermentando e dependendo do tempo e da quantidade de resíduos, pode trazer danos para o seu animal caso ele ingira na próxima refeição. Além do mau cheiro, que cachorros mais seletivos, podem se recusar a comer por este motivo.
Texto: Dr. Alexandre Figueiredo
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